De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C) - IBGE, em 2016, 92,3% ou 63,8 milhões dos lares brasileiros tinham pelo menos um morador com telefone celular.
Já com relação à internet, a pesquisa revela que 116 milhões de pessoas estavam conectadas à internet, o equivalente a 64,7% da população com idade acima de 10 anos.
Isso é apenas um reflexo dos impactos digitais em nossa vida. A tecnologia é frequentemente introduzida em um sistema social com a intenção declarada de facilitar a vida das pessoas.
O mundo tecnológico vs humano já vem se entrelaçando há algumas décadas. Mas o grande desafio hoje, está sendo a maneira correta e produtiva de como isso deve acontecer.
Não é fácil estabelecer uma sinergia entre a tecnologia e as pessoas dentro de uma organização.
Muitos ainda não estão preparados para operar, entender sistemas e processos automatizados e isso afeta todos os níveis da hierarquia corporativa, já que existem até mesmo diretores de áreas consideradas estratégicas que não entendem a importância da plena compressão tecnológica.
Por isso é importante estabelecer uma profunda conexão entre as áreas de RH e TI.
“Temos que entender, principalmente os profissionais dessas duas áreas, que a transformação digital vai um pouco além da tecnologia.
A transformação digital só acontece em decorrência de uma transformação cultural.
Hoje em dia as empresas iniciam mudanças pela tecnologia e depois vão olhar o contexto do mercado.
Deve acontecer exatamente o contrário, primeiramente é preciso entender o mercado e quais as tecnologias as pessoas já utilizam e que eu consigo introduzir em meu negócio.
Cada vez mais, a tecnologia será um elo entre funcionário e empresa”, garante Marco Antônio Cavallo da área do Workplace do Facebook e um dos participantes do painel “RH conectado a TI” no evento HR Hub, promovido pela Propay.
Não basta investir em tecnologia sem investir em capacitação de pessoas.
São dois elementos que precisam caminhar juntos sempre.
Com relação aos dados da pesquisa mostrada acima, façamos uma breve reflexão: quantos desses que possuem smartphones fazem o real uso de todos os recursos disponíveis no aparelho?
É perceptível que muitos não fazem ideia do potencial do celular e de como isso pode facilitar ainda mais suas atividades cotidianas.
Fazemos basicamente o uso da câmera, acesso ao banco e apps de mensagens além das redes sociais.
Pesquisas apontam que mais da metade dos usuários não possuem dispositivos de segurança para senhas, rastreadores ativos ou backups realizados de modo frequente.
A responsabilidade aumenta quando falamos de tecnologia dentro das corporações.
Imagine deixar uma ferramenta poderosa na responsabilidade de um funcionário que não tem a mínima familiarização com ela?
Obviamente com o tempo ele irá aprender a dominar, mas seria muito mais vantajoso (em termos financeiros também) se ele já tivesse intimidade.
Nesse ponto entra a importância de investimento em treinamento e capacitação.
Não é questão de demitir e contratar apenas pessoas com tal especialização, até porque todo dia aparece alguma novidade tecnológica no mercado, não daria nem para calcular os altos índices de turnover sem entrar em desespero...
Uma empresa que já possui em seu DNA a cultura de investimento em capital humano, acaba saindo na frente nos quesitos tecnologia, tempo e dinheiro.
Para Eliane Aere, diretora da ABRH Brasil, o RH é um agente transformador e por isso é ofício dele entender a tecnologia dentro da empresa e como ela funciona em prol dos negócios.
“Não podemos ser apenas um RH que conhece a tecnologia, é preciso entender como usamos isso para transformar o nosso negócio e as pessoas.
Tem gente que diz que a revolução virá pela tecnologia, eu acredito firmemente que a revolução vem pelo caminho do RH.
Porque na verdade nós somos responsáveis por transformar a cultura das organizações e abrir espaço para esse novo caminho”, conta a diretora da ABRH Brasil.
Tecnologia é coisa de RH e não há como fugir dessa realidade.
Ela está reinventando a área de Recursos Humanos e dando força para ser estratégica de fato e ter voz ativa dentro da organização.
“A Primeira coisa que temos que esquecer é o estereótipo daquele RH que é apenas executor, que não tem voz, que muitas vezes veio da psicologia apenas para analisar as pessoas.
Esse perfil pode até ser útil desde que ele venha com a proximidade e conhecimento do negócio”, comenta o diretor de RH do LinkedIn, Alexandre Ullmann que também participou do debate no HR Hub.
Hoje, para muitos responsáveis pela área de Recursos Humanos, a tecnologia ainda é um desafio. A maior dificuldade é de fato conseguir atingir uma alta performance de execução de projetos com uso da tecnologia adequada.
O RH nunca foi área “estrela”. Nenhuma criança cresce pensando em revolucionar a tecnologia dentro do mercado de Recursos Humanos, não é mesmo?
Tradicionalmente, o RH sempre foi visto como uma área não inovadora, com uso intensivo de papel, onde as decisões salariais são tomadas, as pessoas são contratadas ou demitidas e onde as sessões de formação de equipe são organizadas.
Mas nos bastidores isso já está mudando há algum tempo. A tecnologia está sendo incorporada no RH em um ritmo acelerado.
Agora ele está mais próximo da liderança e com uma posição firme de formador de opinião. A tendência é que o RH assuma seu papel de área inovadora (no que tange a tecnologia) e passe a lidar com suas próprias soluções.
O aumento no uso dessas ferramentas virá com o compartilhamento de informações, o que empurrará a especialização em RH para os níveis de gerência.
Parte das funções táticas serão assumidas pelos gerentes de linha, enquanto o papel de um líder de RH mudará para o desempenho e a execução de estratégias em prol do negócio.